Sempre deserta



 Ouço os sons da noite, Shhhh. 

Ouçam: Pássaros cantantes. Voam na imensidão, são parte do todo.

 Mergulho... O vazio tem gosto de mel. Meus pés estão gelados. O frio invade os ossos. Chega até a alma. Corrói meu coração. Daqui uns dias estarei no B612. Mas não deixarei o piloto, nem deixarei a raposa. Será que sempre ficam incompletas as coisas nesse planeta?

Gostaria de ter concluído algo. Concluído de verdade. Então as pessoas diriam: “Ah, eu sei quem foi, é aquela moça que fez isso.”

Certamente eu serei desconhecida pelos muitos nadas que que deixei para trás, as incompletudes, como o mel vago. Ou seria fel? Não, é mel. É tentador mergulhar e sentir o nada. Cessa o frio e a dor. Cessa o silêncio que grita. Cessam as ausências de mãos. De braços e abraços. Só... O nada. É doce. Eu sinto correndo nas minhas veias, ganhando forma, me tomando inteira. Paralisando o medo. Domando os fantasmas. Desarmando gatilhos.

Vem como os pássaros, desliza num céu de poesia e pousa. O fim nem sempre é triste. Às vezes até salva.


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