Acordo cansada e o ar dói, o sentido das coisas parecem ter
se perdido em algum lugar distante. O tempo não conta as angustias com leveza.
Arde a pele, arde a alma. Sinto que tudo caminha em câmera lenta e inexplicavelmente
eu ainda estou aqui. Mas não faz nenhum sentido.
Falta em mim alguma coisa mágica para seguir os dias nesse
mundo, falta algum talento, algum dom que se perdeu no caminho. Não foi
colocado. Sigo com a coragem dos desajustados, aqueles que não se encaixam,
aqueles que não têm aquela coisa a mais, aqueles que não tem nada de mais. Nem
tão ruins para serem abomináveis, nem tão bons para bastarem.
Eu passo os dias absolutamente existindo, até o dia que não
mais seja. Terá sido eu o erro de algum inventor do universo? Se quando encaro
o mundo parece que sufoco e os únicos momentos que de fato respiro é quando as
palavras se unem em versos.
Quando escrevo sobre o nada é que me encontro em qualquer
coisa. Mas se vivo um único instante tudo parece absolutamente irreal. Eu me
agarro em cordas imaginarias para continuar nesse mundo. Nada faz sentido. Tudo
é um caminhar vazio e o final é sempre o mesmo.
Eu sinto que não demorará tanto mais. Uma pena que eu não
tenha deixado nada significativo para trás. Nada além de palavras escritas ao
vento. Nada além de um mar de palavras em que nadei e me afoguei. O único lugar
onde sei que fui tudo o quanto tinha para ser.
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