Angustia mortal

E agora que sinto a minha alma se desmanchar.

E agora que a dor é tão grande que nem chamo mais de dor.

E agora que as lágrimas mal me deixam ver as palavras.

Percebo que até o direito de chorar me foi tirado!

Choro compulsivamente e barulhentamente, mas escondida.

Minhas lágrimas são tão imundas quanto o sofrimento,

Minha angustia é tão vil quanto o mais vil dos criminosos,

Também eu sou uma criminosa por não conseguir arrancar do meu peito...

A solidão é a minha companhia nesse martírio que a mim foi reservado.

As palavras já não me acalmam, o silêncio tampouco.

Sou eu! Fui eu... 

Porque me impeli tal sorte? Porque me permiti tão grande angustia?

A morte beija a todos que não a querem, mas os que anseiam seu beijo

Esses ela faz esperar.

Quando o frio tomar a carne e os olhos enfim se fecharem libertando

Minh’alma... Nesse instante terá paz o meu coração.