De novembro a novembro...

Você vai ver que o tempo não muda nada, nada
Nada, nada
Eu tô aí, mesmo sem estar...  ♪


Outro dia estávamos falando sobre o que é verdadeiro e alguns amigos defendiam que só é verdadeiro aquilo que permanece. Se foi embora, se não ocupa o mesmo espaço físico, não é real.  
Eu ouvi em silêncio, pensando em tudo que a vida leva, tantas coisas que a vida arranca de nós e mesmo assim é tão real hoje, como foi no primeiro dia, do primeiro novembro, do resto das nossas vidas.
E no meu coração tenho hoje a mesma certeza daquele primeiro dia:
Se nos faz cantar numa fila de banco, se nos faz rir fora de hora e olhar as coisas de um jeito novo, se nos descompassa os passos e desalinha as ideias de um jeito perfeitamente alinhado e se nos dá significado e sentido, então... isso, isso que nos coloca no mapa do universo e que ninguém mais entende, isso que nos faz respirar com mais vontade e inspirar com tanta paixão que os pulmões se enchem de vida... Isso é real! É verdadeiro!
Ainda que permaneça guardado, ainda que seja uma pluma ao vento flutuando pela imensidão, ainda que o mundo imploda, os astros desabem e o mar seque inteiro... É verdadeiro!
Aquele que adentrou nos recônditos da alma alheia e ali permanece, aquém de distância, aquém do tempo e dos muitos dogmas, normas e crenças terrenas, é, indiscutivelmente, real.
Poetas escreverão poemas e músicos farão canções pelos quatro cantos dessa Terra à esse sentimento, que faz de nós mais que simples matéria. Já não somos mais simples pó de estrela, somos amor. De novembro a novembro, até o fim dos tempos... Amor.


Do que somos feitos


Cada um de nós somos um universo inteiro de vida, flutuando nas existências um do outro. 
Ponderando os medos, suturando as dores. Cultivando os sonhos. 
De que somos feitos, além de água, sais minerais e sonhos?

Nevoeiro




Das muitas formas de olhar para frente
 e mesmo assim não enxergar nada:

Shhh baixinho. Estamos na estrada.
Se do grito inverso brota a agonia.

Se da dor, do medo nasce a melancolia
Não cabe nos espaços.

 Não cabe nos teus passos.
Esconda como possa esse espinheiro

E siga, siga resistindo ao nevoeiro.