Depois de você

Tudo anda tão calmo. Meu coração nunca mais bateu descompassado. Não senti mais os tremores. Meu mundo voltou a ser meu mundo. Estável. Seguro. Pacificado.

Aquele riso solto que surgia pela manhã, quando lembrava teu abraço, não vem mais. Aquela esperança de te encontrar na janela, sorrindo teu sorriso traquino, não vem mais.

Depois de você me percebi incapacitada de conjugar os verbos no tempo passado, como se para o “nós” só existesse presente e futuro. Não sei se alma de gente aprende, na escola da vida, a conjugar verbos e subtrair, a minha não aprendeu. 

Depois de você minhas asas só querem  voar para a direção no céu que me aponte o litoral ou uma lembrança de casa, mas não há caminho nesse mundo que me leve aos teus braços. Então parei de voar por uns tempos, ando caminhando pés no chão. 

Você virava meu mundo de ponta cabeça, me tirava do prumo. Era fácil perceber a beleza nas coisas mais insanas, nas sutilezas mais singelas.

 E agora que o certo nunca me pareceu tão torto, e agora que meu mundo nunca me pareceu tão insosso, e agora que as estrelas já não brilham tanto assim, me pergunto se teu mundo é o mesmo, se teu coração ainda é o mesmo, mesmo depois de mim...