Resenha: Garota, Interrompida


Garota, Interrompida
Edição: 1
Editora: Única
Ano: 2013
Páginas: 190

Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era logo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.


Garota Interrompida, conta a história real de Susanna Kaysen, uma jovem de 18 anos rica, que como muitas jovens não sabia o que queria da vida, e que nos anos 60, após uma consulta de 20 minutos é mandada por seu médico para uma internação de dois anos em um hospital psiquiátrico, diagnosticada com transtorno de personalidade limítrofe. E é essa experiência conturbada, única e cheia de nuances que ela conta para nós.

“As pessoas me perguntam: como você foi parar lá? O que querem saber, na verdade, é se existe alguma possibilidade de também acabarem lá. Não sei responder à verdadeira pergunta. Só que posso dizer: é fácil.”




Com uma escrita simples que não segue uma ordem cronológica, pois é segue a linha de um diário livre, como se a Susanne fosse relatando o que fosse lembrando dos fatos. Garota, Interrompida impressiona. É também um livro curto, tem apenas 190 páginas que passam bem rápido.

Um livro que merece releituras, eu mesma acho que teria tido  outra leitura dele antes de começar o curso de psicologia. Lembro que ao assistir o filme (Garota,Interrompida) há alguns anos, não entendi muito bem. Achava mesmo aquelas pessoas estranhas. Anos depois, percebi que eu mesma era uma estranha, e já no primeiro semestre de psicologia entendi a dimensão da experiência da autora.

Óbvio que a Suzanna tinha um problema, ninguém que tenta suicídio é isento de problemas, havia um sofrimento ali, uma dor. Mas será mesmo que trancafia-la e a todas aquelas jovens, roubando anos de suas vidas, as entupindo de tranquilizantes, fornecendo recursos bizarros como terapia de choque, era o caminho apropriado? Será que uma terapia, uma conversa, não ajudaria bem mais?

Oferecer o mesmo tratamento a jovens completamente diferentes, com pensamentos diferentes, com problemas diferentes. Sendo que algumas na verdade, eram apenas adolescentes, sendo tão problemáticas quanto qualquer adolescente, que não se enquadravam aos padrões da sociedade da época.

Por muito tempo essas clinicas psiquiátricas foram usadas como verdadeiras prisões para afastar os que eram diferentes, os que pensavam diferentes. É vergonhoso. É ultrajante. Em seu relato a Susanna fala que se sentia mais a vontade lá, dentro da clínica. Claro, lá ela podia ser ela mesma. Na sociedade tinha que seguir um padrão.

Susanna também cita termos técnicos, acho que durante sua vida pós-clínica ela pesquisou bastante sobre isso, até para entender como foi parar lá. Também fala da diferença que existe entre psiquiatra e psicólogo, afirmando que o psiquiatra estuda o cérebro, achando que vai achar os problemas em lugares específicos e o psicólogo estuda a mente porque entende que cada pessoa é diferente uma da outra. E mesmo tendo cérebros anatomicante parecidos, sabem que a dor é particular, única e individual.
 E quando nos deparamos com personagens como Lisa, Georgina, Dayse e Polly percebemos como realmente cada mente, cada pessoa é única. São personagens reais e incríveis, em um livro que nos inquieta e nos faz pensar muito. Quem é normal? O que é normalidade? Quem tem o direito de julgar uma coisa ou outra? Eu? Você? A verdade é que a sociedade é hipócrita desde sempre.

A diagramação é linda.  Há também dentro do livro, relatórios e prontuários do tempo em que a Susanna ficou internada. Fiquei orgulhosa desse trabalho da Editora Única. Nas imagens da net, não da pra perceber mais a capa possui várias fases incríveis do livro. Em uma delas a Susanna diz que o mundo não está nem aí para o seu sofrimento, mas ela se apega a ele, porque esse sofrimento confirma a sua existência.

Dei 5 estrelas no skoob e recomendo muitíssimo, para todos que gostam de pensar e especialmente para estudantes de psicologia, como eu.



21 comentários:

  1. Eu preciso muito ler esse livro, porque a adaptação pro cinema se tornou meu filme favorito *--* E amei de verdade. Vou procurar pra comprar. AI EMU DEUS, nem acredito que falou de Garoto INterrompida aqui hahahah
    Tem twitter ? segue o blog lá então @torresaamanda
    beijos
    barradosno-baile.blogspot.com

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  2. Oi, Juliana! Tudo bem?
    Nunca dei a devida atenção ao filme "Garota, Interrompida", mas confesso que o esse nome sempre prendeu a minha atenção... Não sei se me envolveria tanto com um relato verdadeiro sobre o tema do que uma estória fictícia mais "narrativa", normalmente relatos reais não me tocam tanto quanto deveriam. Ainda assim, o livro está na minha lista de desejados (: Bjs
    Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/

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  3. Parece um livro forte e marcante... não faço psicologia, mas tenho muita vontade de saber mais e de ler livros sobre o assunto, como esse rs
    Mas preciso me prepara, pois precinto uma DPL kkkkk
    Letras & Versos

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    1. Sem DPL Anna, também pensei que fosse ter, mas o livro é tranquilo. Só viaja mesmo por esse mundo confuso. Mas sem DPL, pode acreditar rs

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  4. Oie :)

    Esse livro não me chama a atenção pois pelo o que você disse ele não se encaixa no tema que eu gosto e etc,. mas seu eu ganhasse leria sem problemas, beijos !!

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/

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  5. Eu até tenho vontade de ler este livro, gosto de história verídicas e ouvi dizer que é uma história bem "forte".
    Abraços

    http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/

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  6. Gosto muito de livros assim. Já assisti ao filme, mas o livro sempre é melhor. Já foi pra lista! ;)

    Beijos, Entre Aspas

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  7. Não conhecia esse livro me pareceu bem interessante, adorei muito a sua resenha bem legal mesmo.

    Beijos
    http://www.partesdeumdiario.com/

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  8. Nossa, identifiquei-me muito com essa Susanna... Deve ser o nome... Saí de casa com 19 anos e fui hospitalizada tbm... Mas no meu caso, foi porque eu quebrei a coluna em um acidente de carro!
    Porém tive que crescer sozinha... Graças a Deus, consegui!
    Bjs - Suzana Rosa - www.rosachiclets.com.br

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  9. Eu também adorei este livro!! A capa está linda né?!
    E sua resenha me deixou com vontade de ler de novo!!
    Linda!!

    Bjkas

    Lelê Tapias
    http://topensandoemler.blogspot.com.br/

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  10. Oi flor!!!
    Acredito que escrever esse livro foi uma ato de coragem. Embora o livro seja um romance, é primeiramente um relato real de todas as angústias, as dúvidas, os medos, os problemas, as experiências da personagem. Susanna nos faz pensar sobre a loucura: até onde ela existe, até onde não existe e o que é, afinal. A personagem nos dá a chave para um diário permitindo-nos espiar seus sentimentos, amarguras e dores.
    Acredito que temos que nos preparar para um final de reticências...
    Quero ler
    Bjus

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  11. Eu assisti ao filme há algum tempo, e rapidamente ele se tornou um dos meus favoritos.
    Quando fiquei sabendo do livro, fiquei louca por ele.
    Adoro estudar sobre transtornos de personalidade, então este livro já tem um lugar especial na minha estante. E ainda mais por ser uma história verídica, onde a própria Susanna conta o que viu quando internada. Deve ser uma esperiencia maravilhosa e única, (ler este livro, claro. Não ficar internada em uma clinica psiquiatrica...

    Enfim, louca por esse livro.

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  12. Primeiramente, gostaria de elogiar sua resenha. Foi a melhor que li sobre o livro.
    Conhecia "Garota Interrompida" por causa do filme, adoro a Winona Ryder, acho-a incrível. Não sabia que havia um livro que dera origem ao filme, que também não assisti. O tema abordado nesse livro é sem duvidas interessantíssimo. A história se passa nos anos 60, ou seja, a maneira de pensar é completamente distinta do que encontra-se atualmente. Por essa razão, tomavam medidas drásticas caso o indivíduo tivesse oposição ao mode de viver ou de pensar do que o resto das pessoas. O livro é mais curto do que imaginava, mas tenho certeza que todas as páginas são ricas de conteúdo. Também não sabia que a história é verídica, fato que contribuiu mais para meu interesse.

    http://umadosemaisforte.blogspot.com.br/

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  13. Ainda não vi o filme e confesso que não sabia que era baseado em um livro.
    Gostei muito da resenha.
    Beijos
    http://literaturaeeu.blogspot.com.br

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  14. Olá Lira!Eu não li o livro,mas assisti ao filme.E desde dessa época eu ja imagina,mais ou menos isso que você falou.
    Mas acredito que lendo o livro,eu poderia entender melhor.E para lhe dizer a verdade eu nem sabia que era um caso real.Então,agora sim estou mais curiosa pelo livro e pela historia dela.
    Como assim somente 190 paginas?Nossa o livro é bem curto,mas pelo que li de sua resenha ele é completo mesmo contendo poucas paginas.
    Olha em uma coisa concordamos,este mundo é realmente hipócrita!

    Amei a resenha!

    Beijokas Ana Zuky

    Blog Sangue com Amor

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  15. Vi esse filme ao muito muito tempo atrás..e, me marcou bastante.
    Não sabia que tinha o livro..se soubesse teria caçado pra ler já..pq se já gostei do filme, imagina o livro?
    É sim, um livro de temática tensa..doenças psiquiátricas não são fáceis de se lidar e/ou se ter..(sendo uma estudante de medicina se vê MUITA coisa triste)..e, principalmente na época se complica ainda mais..por falta de saber diagnosticos, tratamentos falhos..etc..
    Espero em breve ter a oportunidade de ler o livro.
    Ótima resenha ^^

    Stepheny Khouri
    stekhouri@gmail.com

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  16. Quero demais ler esse livro, gostei do filme e de histórias que retratem problemas psicológicos. Li recentemente precisamos falar sobre o Kevin e gosto muito desses temas. Amei a resenha.

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  17. Só a sinopse me deixou muito ansiosa pra ler esse livro, e com a sua resenha, então... só de se tratar de uma história real escrita pela própria paciente, já fico chocado. Conheço pessoas que já passaram por isso, e sei que não é nada tão fácil assim. Além do livro, estou ansiosa para ver o movie :)

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  18. parece um livro bastante forte com uma historia emocionante deve ser bastante triste também pois a personagem principal e trancada em um hospital psiquiátrico por pensar diferente dos jovens de sua época.

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  19. Oi amiga tenho muita curiosidade de ler o livro, o filme é bem legal, mas o livro é bem mais detalhado, e vale a pena ler!
    bjkas

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  20. Desde que eu descobri que um dos meus filmes preferidos havia sido baseado em um livro, esse livro se tornou um dos mais desejados por mim, mas infelizmente até agora não consegui adquirir e ler. Então ainda está no topo da minha lista, já que livros costumam ser melhores que filmes, imagino o quanto esse deve ser bom. Adorei a resenha! ;D

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