Sobre os abrigos nas tempestades...

 Escrito por Juliana Costa de Lira

A chuva chegou aqui no nordeste, a  chuva que eu adoro, devastando tudo que encontra pelo caminho. Chegou bem a tempo de ver essa tempestade dentro de mim... Um frio de congelar os ossos.
 

Engraçado que durante a tempestade todo animal busca um abrigo para proteger-se da chuva. Ratos, raposas, e até mesmo o leão, o rei, também busca um lugar seco e seguro.
 

E nós? Nós passamos a vida buscando abrigos que nos mantenham seguros, quentes e protegidos, mesmo o mais forte aventureiro no meio do mato  quer uma cabana impermeável para se proteger da água torrencial.
 

Mas quando a tempestade é dentro de nós não há caverna ou esconderijo que nos salve da chuva. 

Procuramos abrigo em outras pessoas, em outras coisas... E percebemos que o frio e a dor só são esquecidos ao dormir. Dormindo não sentimos a chuva ou o medo dos trovões.
 

Dormir pode parecer à solução perfeita. Feliz era a Bela Adormecida! Não tinha o mundo a enfrentar.

É verdade...  Mas por outro lado a Bela nunca teria sentido aquele beijo se tivesse ficado protegida para sempre da dor.
 

Algumas vezes é melhor:
 

Levantar da cama, colocar meias coloridas, tomar chocolate quente e aquecer as mãos no fogão. É melhor enfrentar a fúria das águas... Mergulhar no interior tempestuoso da nossa alma e perceber que o abrigo procurado está dentro de nós.
 

E algumas vezes é preciso rir da chuva, dançar sob ela e rir, rir porque a chuva passa... Seja uma garoa ou uma tempestade, estejamos ou não protegidos ou preparados para ela. Ela sempre passa.
 

Nós ainda estaremos aqui quando ela acabar. E está dormindo quando o arco-íris cortar o céu e cobrir de luz a imensidão azul é uma péssima pedida!
 

Afinal por que procuramos abrigos nas tempestades? Para estarmos vivos e prontos para recomeçar quando ela se for...