E aqui eu me despeço...


Palavras... Sempre foram só palavras... E você nem mesmo gosta de ler. Aqui vai mais algumas que nunca irão te alcançar:
Somos tão diferentes... Eu gosto de ler e você de sair. Eu ouço Djavan e você sertanejo universitário. Você é conservador e eu conservo a dor. Enquanto eu acredito na eternidade dos sentimentos, você os tem aos montes, várias e várias vezes (com várias pessoas diferentes). Eu sou engraçada. Você sério. Você fala palavrão, a única vez que falei ‘merda’ fiquei de castigo por uma semana. Eu canto baixinho e você ouve som alto. Eu não tomo refrigerante, você os bebe feito água. Eu sou delicada e você extremamente bruto. Eu sou lirismo e você um artigo cientifico.
Eu ouço as estrelas. Recebo abraço dos ventos. Aprecio a beleza dos nadas. Minha cabeça pensa um milhão de coisas em uma fração de segundo. E você vê o que vê e sente o que sente. É um homem prático. Objetivo.
Não há palavras que descrevam o quanto eu sou a pessoa errada pra você. Não consigo encontrar uma razão lógica pra o universo nos colocar na mesma sintonia. Mesmo assim, por uma fração de segundo estivemos conectados. E cada parte do meu corpo parecia saber que estava vivo.
Eu sou a canção mais doce que você poderia ouvir. Mas como duas pessoas tão opostas como nós encontrariam equilíbrio? De que maneira poderíamos ficar juntos se eu vivo no céu e você na Terra?
Foi perfeito o momento em que te percebi nessa vã existência. Sempre te disse que és lindo! E nunca falei da sua aparência física, mas da pessoa que você é. Uma parte de mim sempre será grata por tudo. Saber que és... Em algum lugar. Que trava as batalhas diárias da vida e respira. Que em algum lugar, você é real.
Entretanto, outra parte de mim sabe que todas as vezes que você me empurrou para a porta, me virou as costas, partiu, foi porque não existimos no mesmo mundo. É como se um portal mágico tivesse se aberto e proporcionado o encontro, mas o nosso lugar não é no mesmo plano. Eu teria que ser menos tola, dramática, sonhadora pra te dá conforto. E você teria que ser menos sério, prático, terrestre.
Por isso, tantas e tantas vezes você me julgou louca. Louquinha... Eu não tenho a razão necessária pra te dá o que você acha que precisa. Eu sou louca! E com a minha loucura eu te amei. E com minha loucura eu me desprendo, deixo de ser ave tua, passo a ser ave minha, presa ao céu.
Eu espero que você encontre alguém que ame ouvir tua respiração tanto quanto eu. Que ame som do teu riso. Alguém que seja feliz apenas por saber que você existe. Eu espero que você seja amado e que ame. E se não acontecer tenha o consolo de saber que um dia foi amado assim... Por mim.

E aqui eu me despeço.

2 comentários:

  1. O texto é bonito demais. E é verdadeiro demais para ser apenas criação artística apenas e não também um desabafo. Mas falta ao texto uma comparação: a menina amava o rapaz, e o rapaz não a amava; quando a gente ama, ainda que não seja do jeito que o outro ama, mas se for na intensidade que o outro ama, todas as diferenças do mundo se tornam complementos. Quando um dos dois não ama, mesmo todas as igualdades do mundo se tornam dificuldades. Beijo.

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  2. Ah Lucas, toda criação artistica tem um pouco de verdade, muito de desejo e alguma beleza. Não é mesmo?
    Mas em uma coisa vc tem razão: a menina amava o rapaz, e o rapaz não a amava. Não sei se ambos se amassem seria possível criar um mundo paralelo em que a loucura dela fosse perdoada e a racionalidade dele apreciada. Não sei...
    Sei que aqui acabou uma história.

    Milhões de beijos

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