Resenha: 72 horas para morrer

72 horas para morrer

Autor: Ricardo Ragazzo

Ano: 2011

Editora: Novo Século

Páginas: 254

Queria ter palavras para descrever o que esse livro provocou de sensações em mim. E juro que vou tentar encontra-las para escrever essa resenha. Vamos ver se consigo...

Julio Fontana é delegado de uma pequena cidade chamada Novo Salto. Ele vê sua vida de pernas para o ar quando se ver preso em uma teia, tecida por um  serial killer que promete perseguir e matar, com requintes de crueldade, todos os que ele ama. Começando por sua namorada. Julio precisa correr contra o tempo para descobrir quem está fazendo isso e o motivo, antes que sua filha se torne a próxima vitima.

O Ricardo Ragazzo nos presenteou com uma estória surpreendente do início ao fim. Forte. Bem escrita. Que expõe as feridas a nossa frente sem nos esconder nada. Talvez por ser narrada em primeira pessoa, foi fácil me envolver com o sofrimento de Julio Fontana. E como poderia ser diferente? Confesso logo no início, ainda na página 35, parei a leitura e chorei. Chorei, tremi, chorei. Acho que por perceber que fatos como esses acontecem na vida real, o ser humano é capaz de uma crueldade sem tamanho. 

Passei uns dias tomando coragem para retomar a leitura. O que mais uma vez reafirma como o Ricardo escreveu bem. Como tornou tudo tão real que era como se eu estivesse assistindo um filme ou presenciando fatos e imagens bem ali. Na minha frente.  O autor criou personagens muito “humanos”, não há heróis perfeitos. Há um protagonista cheio de defeitos com um temperamento de cão e que muitas vezes me deu vontade de entrar na estória e dar-lhe uns gritos: “ Poxa , cara! Tem calma que assim só vai piorar tudo!!!”.

Há a filha de Julio, Laura, que sinceramente tem todas as tintas de uma adolescente, chata, aborrecente e inconsequente. Há um amigo padre que parece ser um homem bom, mas tão bom que chega a ser idiota às vezes. Há um amigo jornalista que quer se redimir de pecados passados e há um ex- presidiário que anos atrás matou o primeiro amor do nosso delegado, que agora está solto, mas que parece ter se redimido. Será que todo mundo não merece uma nova chance?

Quem estaria por trás das mortes em Novo Salto? Quem odiaria tanto Julio e seria tão cruel a ponto de torturar, matar e esquartejar pessoas próximas a ele? E quanto tempo ele ainda tem, antes que o próximo assassinato aconteça? Perguntas como essas não me deixaram mais largar esse livro em que nada que parece é. Especialmente as pessoas. 

Achei a narração envolvente e viciante. Mas asseguro que é preciso ter estômago para lê-lo, as cenas são dramáticas. A diagramação do livro é simples, porém não há capítulos que separem um ponto de outro, toda a narrativa é dividida em datas e horas, como uma contagem até as 72 horas, o que torna ainda mais urgente a leitura. A medida que fui lendo sentia como se uma bomba estivesse prestes a explodir, então tinha que ler mais e mais e mais, na tentativa de evitar a explosão.

Não consegui. O final surpreendente, completamente fora dos padrões e de tudo que eu tinha imaginado para a saga do Julio explodiu com meus sentidos. Gritei muitas vezes “Não acredito nisso!” Até me convencer que de fato era aquilo mesmo.  Confesso que me irritou um pouco perceber que nunca teria imaginado aquele desfecho.

Então, o que eu posso dizer é que se você aguenta montanha russa e emoção,  se você gosta de uma narrativa que prende até o fim e ainda faz você se assustar com o barulho na cozinha (hahaha), não pode deixar de ler 72 horas para morrer. Leiam! Dei 5 estrelas no skoob porque o bruxo do Ricardo escreveu um livro completamente insano! Como não amar uma obra dessas?

Meus quotes favoritos:

Curiosidades: 

• Não pude deixar de notar que Laura também é o nome da filhinha que o autor e sua esposa estavam esperando e que agora deve ser uma linda menina.
• Também notei que 07/10 dá exatamente 8. Coincidência?
• E fiquei com uma dúvida, se um dia tiver oportunidade pergunto ao autor rs

Os agradecimentos do Ricardo no início do livro me emocionaram, cito dois:

“ Ao meu pai, Paulo Roberto. Que minhas palavras cheguem onde meus braços não podem mais”

“ Agradeço à minha amada esposa, por carregar o piano enquanto eu dedilhava o teclado(...)”