Abriu a porta. Entrou. Não pediu desculpas por ter partido, nem pelas palavras mortais (sorte ela ser imortal). Não demonstrou sentir a mesma saudade que ela amargava durante esse tempo. As palavras que ela sonhava ouvir não foram ditas e nem de longe ele parecia aquele garoto apaixonado.
Ele parecia mais um homem cansado. Talvez cansado dos apelos que ela enviara pra ele. Talvez cansado de tentar esquece-la. Sim, porque se havia alguma verdade em toda essa história é que ele também não a tinha esquecido.
Quando ela o viu daquele jeito, parecendo um soldado que voltava da guerra, taciturno, seu coração sangrou. Mas abriu um sorriso largo, o abraçou forte e o encheu de atenção e carinho. E quanto mais carinho dava, mais frio e distante ele lhe parecia. Era como se o moço achasse a casa estranha, sentisse que seu lugar não era ali.
Ela guardou o segredo de sua volta. Nem seus amigos, nem a pessoa que mais a conhecia no mundo, teriam aceitado que ela o houvesse chamado de volta e perdoado, sem que nem ao menos ele se sentisse culpado por ter partido. Mas o moço sentia-se culpado, sim. Não por ter partido, mas por ter um dia entrado.
E ambos fingiam não perceber as mudanças. Ele preocupava-se em não feri-la mais do que já tinha feito, ela preocupava-se de que ele resolve-se partir a qualquer momento. Tamanha eram as mudanças de humor. Ora ele estava alegre e carinhoso, ora triste e calado, ora aborrecido e profundamente melancólico.
Ah, e o moço espantava-se em ver tudo no mesmo lugar e perceber como ela sempre soube dele. Cada vez que ela dizia algo como: ‘Vi você na praia tal dia’ Ele ficava incomodado e assustado. Não queria que ela soubesse nada. Queria a segurança de poder desaparecer um dia, sem que ela o encontrasse. Tinha algum tipo de medo dela saber tanto e não entendia como ela ainda o queria.
Tampouco ela compreendia. Era um ser tão livre! Sabia apenas que precisava saber dele, se estava bem, se feliz... Passou tanto tempo apenas querendo ele de volta. Ele voltou! Ela era dele de novo... Gostava de ser dele. Encheria ele de amor, até que um dia ele pararia de olhar pra porta aberta (sempre aberta) e novamente a olharia. E se isso nunca acontecesse... Bem, ela pensaria nisso depois.
Não podemos nunca condenar-nos a não olharmos para nós!
ResponderExcluirMuito decidida ela ! É disso que são feito os vencedores !
ResponderExcluirBeijooos xará !
oi ju...como sempre arrazando nos seus textos...
ResponderExcluirBjsss
Ele deve ser bancário...acostumou-se com a síndrome da porta giratória..o perigo é que um dia ela trava!
ResponderExcluirVocê é Lira mesmo!rsrsrrs
parabens adorei o texto...
ResponderExcluiraeee...que lindo!
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