Último dia de 2020


Chegamos ao final dessa jornada, nesse que foi um ano de mudanças, de encerramento de ciclos, de despedidas...  Nesse que talvez tenha sido meu ano mais solitário em tantos sentidos diferentes. Eu sei quão abalada estou quando não consigo sequer escrever sobre. E é difícil escrever sobre esse ano. Estive tão doente! Fiz tantos exames delicados. Perdi tantas pessoas conhecidas. Me afastei de tantas. Sou, praticamente, um outro ser.

Me sinto absurdamente cansada. Decepcionada com o ser humano. E com pouca esperança de que de fato as coisas mudem para melhor. Esse é um texto tão pessimista! Nem deveria estar aqui. Como muitos que escrevi nos mesmos moldes e não publiquei ao longo do ano.

Mas esse vai entrar. É preciso um registro real e verdadeiro sobre a alma dessa autora em 31 de dezembro de 2020. E o registro é esse:

Tem sido difícil manter a fé no amor e na bondade nesses tempos, por aqui as pessoas estão muito egoístas, individualistas. Cínicas e rasas. Apesar de estarmos em pandemia há a quebra do isolamento social por fins egoístas. O preconceito reina. Os que antes tinham vergonha de demonstrar, hoje esbanjam aos 4 ventos. As injustiças sociais são imensas e enquanto muitos não têm sequer o que comer, poucos, esbanjam o luxo. As pessoas não acreditam mais nas notícias investigadas e checadas, mas acreditam nas correntes de whatsapp. Aqueles que conseguem enxergar o que está acontecendo são tidos como loucos e os que se comportam como loucos são ovacionados.  Socialmente, moralmente, acho que este país entrou numa espécie de limbo. Em um breu ou algum túnel do tempo e estamos presos na década de 50/60, mas não nas partes boas, apenas no atraso moral e social. E eu no meio disso tudo? Eu sou apenas um grão de areia insignificante. O sentimento é de confusão, vazio, tristeza, solidão, estagnação.

Sou grata por estar viva e por não ter perdido os que mais amo. Mas eu encerro esse ano exausta. Sem fôlego para o futuro. Me concentro nas frases “Você é jovem demais para deixar o mundo quebrar você” e “Se estiveres cansados, parem e descansem, mas não desistam”. 

Que venha 2021

4 comentários:

  1. Olá,
    Nossa me identifiquei muito com seu texto pq praticamente resume meu ano. Será se é pq temos o mesmo nome? haha
    Eu vejo as notícias e minha mente fica exausta de tanto que me pergunto como as pessoas não podem pensar no próximo, sobretudo da própria família para proteger.
    Que 2021 venha para abrir a mente desse povo e os próximos anos tb.
    Que seja um ano mais ameno e feliz para as Julianas haha

    Feliz 2021!
    Canto Cultzíneo

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  2. Oi, querida Juliana!

    Um texto mto bem escrito e que põe sua alma a nu. 2020 é para esquecer. Façamos um esforço para isso. Toda a Humanidade sofreu com esse maldito ano.

    Momentos muito difíceis passaram em sua vida, esteve doente com Covid, mas venceu.
    É disso k se deve orgulhar.

    As pessoas, infelizmente, só dizem gratidão, mas da boca para fora, pke no coração têm sentimentos de ódio e indiferença.

    Beijos e bom ano de 2021 com saúde, k é o mais importante.

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  3. Juliana, eu te entendo muito bem, pois me identifico com muitas das coisas escritas por ti no teu texto, tem sido difícil manter a tal "fé na humanidade", meu otimismo tem estado um tanto enfraquecido há algum tempo, desde antes do começo da pandemia. mas, como eu costumo dizer, nada é, tudo está: existir é transmutar. e a seta do tempo é para a frente! que este possa ser um ano melhor e que nós todos, seres humanos, sejamos melhores também! um abraço.

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  4. Oi, querida Juliana!

    Como você está? Sua saúde e a dos seus? Em Portugal, as coisas estão bem ruins no que respeita à Covid-19. Muita gente morrendo, diariamente, atendendo ao tamanho do meu país.

    2021 está sendo pior que 2020 em muitos países, infelizmente. O vírus vai tocar todos em minha opinião, uns com sintomas, outros, sem.

    Que o coração do Universo nos proteja!

    Beijos e k você se sinta já mais animada.

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