Chove...

Ela ainda não se recuperou... Ainda a assombra as acusações feitas, de que ela queria a tristeza e o fim da felicidade de quem tanto ama. De que estragou tudo, de que acabou com tudo... E ouve os ecos de: "NUNCA MAIS FALE COMIGO" "POR FAVOR ME ESQUEÇA DE VEZ" gritando na sua cabeça. Ah Deus! Torne-a menos vulnerável. Ela só quer fechar as portas e nunca mais abrir. Não deixe que passe por isso de novo. Apenas isso... 

Porque ela simplesmente não entende como pode ter sido tão nociva pra quem amou. E o mais engraçado é que ela sente, ela sabe. Ela sabe... Que enquanto chove lá fora e dentro dela ela chora... lá onde pulsa o coração dele, faz sol! Provavelmente ele está no habitat natural jogando bola e rindo feliz, porque tudo está no lugar, como ela previra que aconteceria.
Que bom! Que seja assim... Se for pra que alguém sofra que seja ela. Essa vai ser mesmo a ultima vez, além do mais é uma amante da chuva. E parece ter nascido pra abandonos, traições e não ser compreendida.
No fim ela também mente, mente pra si mesma! Cria da chuva seus próprios rios, lagos, barcos e crenças de que foi amada, de que é lembrada, de que não é um desenho em grafite que qualquer borracha consegue apagar.
E todas as noites faz a mesma prece silenciosa: “Oh Deus! Faça ele feliz... Faça todos os que eu amo felizes! E se sobrar um tempinho me deixa chorar no teu colo. Ainda tem lugar pra mim no teu colo? Ainda tem”?

Juliana Lira