Acho que algo em mim mudou. Sem dúvida não sou a mesma pessoa que há uns 2 anos. Talvez todos tenham mudado nessa pandemia, não é mesmo? Ou não. Sei que eu não vejo muitas coisas como antes, talvez seja um processo que cada um de nós tenhamos que passar. Eu tive o vislumbre da morte e me assustei com ela. Eu recebi mais responsabilidade que em toda a minha vida e a abracei com coragem e determinação. Passei por momentos de solidão profunda, P R O F U N D A. Eu queria conseguir descrever a densidade do vazio silencioso que uma solidão dessas traz. Há pessoas a sua volta. Você interage com outros seres humanos. Mas está só.
Então segui uma de minhas recomendações mais antigas: Se perdido, continue a nadar. Continue a trabalhar, continue a estudar, continue fazendo os exames médicos até descobrir o que tem, continue interagindo com as pessoas ainda que pareça só. Tem um filme chamado Click, nele o protagonista vive a vida como que em piloto automático algumas vezes (filme bem interessante, recomendo). Acredito que vivi assim os últimos dois anos. Quem chegou na minha vida nessa fase viu apenas uma pessoa esforçada para fazer o melhor que podia. Mas não conheceu minha loucura mais bonita, nem sentiu meu abraço mais afetuoso.
Esses dias estava novamente debruçada sobre os problemas e organizando uma forma de solução e me dei conta disso. Eu espero desse 2022 que eu viva INTENSAMENTE, apesar das muitas responsabilidades. Apesar do tanto que minha cabeça mudou.
Quando seu pai morre de câncer e você recebe possibilidades assim, sua cabeça muda. Você percebe como tudo é pequeno e as vezes trava. Eu travei e segui no automático. Eu me sinto como um grãozinho de areia perdido na imensidão do universo. Há dias que uma tristeza entra pelos vãos da minha alma. Viaja pelas minhas entranhas e pousa no meu ser. E eu abraço ela com força. Eu sei que essa parte também sou eu. Ainda escreverei um tratado pelo direito de ficar triste. Pela liberdade de chorar. Pela plenitude de se ser inteiro. Ninguém é feliz o tempo todo. Nenhuma vida é um story de instagram. Nós somos essa bagunça toda mesmo e tá tudo bem.
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