Sobre ser acalmadora de tempestades

"Senhor fazei de mim o instrumento de Vossa paz

 Onde houver ódio que eu leve o amor 

Onde houver ofensas que eu leve o perdão 

Onde houver discórdia que eu leve a união"

A pior coisa que a gente pode deixar que nos façam é que nos roubem nossa paz. Talvez por isso "Bem-aventurado os pacificadores". Pacificadores de almas, pacificadores de conflitos, aqueles que acalmam as tempestades, que nos dão norte e chão. 

Eu sempre quis ser uma acalmadora de tempestades. Uma caçadora de tornados. Aquela que tem o poder mágico de tranquilizar espaços e restaurar os silêncios. Não pela fama ou reconhecimento, sabe? Mas para sentir a tranquilidade que fica depois que a confusão se dissipa no ar. E ver o sorriso das pessoas. Sentir o bem-estar delas. Apreciar o fim das discórdias. 

Uma caçadora de tornados não destrói só discórdias, ela não leva só a paz que se entende pelo conceito de “não guerra”, ela reconhece uma alma em conflito, um coração triste, uma vida desalentada e leva alento. 

Por isso quis ser uma boa ouvinte, uma boa amiga, uma psicóloga. Claro que, com o passar do tempo, descobri que alguns tornados e problemas apenas a própria pessoa poderia acalmar. Muitas vezes me senti mal por não conseguir resolver o problema dos outros, especialmente os emocionais. 

Mas o tempo me ensinou que eu preciso ser generosa comigo. Que eu não sou perfeita. E eu não sou tão boa, mesmo querendo MUITO ser alguém melhor. Eu vou magoar as pessoas às vezes e algumas vezes eu mesma levarei as tempestades. Eu não quero fazer isso. Deus sabe, mas algumas vezes eu terei vergonha de mim. 

Então eu preciso me perdoar e recomeçar. Desbravar meu íntimo, capturar meus tornados internos e tentar ser, enquanto eu ainda tenho algum tempo aqui... É que a paz começa na gente. No autocuidado, no auto perdão. Ninguém pode ofertar aquilo que não tem.