Pretérito imperfeito

 


Nós estamos escrevendo mensagens  

Elas são deixadas publicamente 

Não nos importamos, seguimos em frente 

Nós criamos códigos pra nossas bobagens 

 

É madrugada e não podemos nos afastar 

Nós estamos respirando e inspirando poesia 

Nós fazemos músicas juntos 

E não queremos ir pra nenhum outro lugar 

 

Juramos que seria só enquanto se pode ouvir 

Prometemos proteger todos a nossa volta 

E mesmo assim você não me solta 

A gravidade nos puxa mesmo podendo ferir  

 

Deixamos esse rastro de encontro por toda parte 

Você me fala de vazio e eu te falo de intensidade 

Você é tão comum e mesmo assim me persuade 

Temo que um dia saibam de nós daqui a Marte 

 

O teu toque deixa um rastro de arrepio  

Eu queria te dizer o quanto parecia certo 

Mas era tão errado te manter por perto 

Flutuamos no meio do abismo [um desvio] 

 

Calma, eu sei que a conjugação está errada 

Que o presente se fez pretérito imperfeito 

Tal qual uma obra de arte com um defeito 

Em que o amado ri de tudo, sem sua amada  

  

E eu sei que isso foi há muito tempo  

 Que a curva sinuosa hoje é uma reta segura 

A verdade é a verdade, ainda que seja dura 

E as palavras já não levadas com o vento 

 

Agora não há mais canções na madrugada 

 Não há mais risos em filas de banco 

Não há mais riscos em barrancos  

Não há mais nós. Não há mais nada

Nós escrevíamos mensagens o tempo inteiro 

Nós éramos um enquanto ouvíamos a canção 

Nem contávamos o tempo, nunca contamos não 

Mas foi há tempo demais esse roteiro 

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